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Normas estabelecidas para cuidadores 

Por Úrsula Karsch - pesquisadora mentora

Dados oficiais (IBGE, 2000) indicam que, em média, todo brasileiro irá conviver com alguma incapacidade física durante 20% de seu tempo de vida. Isto significa que, embora a expectativa media de vida ao nascer esteja aumentando no Brasil, na mesma proporção está aumentando o número de idosos que estão perdendo a sua independência e, muitas vezes, a sua autonomia.                 

Por tradição e até por que a velhice no nosso país até há pouco tempo era considerada uma preocupação de âmbito privado, o envelhecimento com dependência não tinha visibilidade pública, uma vez que suas mazelas ocorriam dentro das casas das famílias ou em casas de repouso, constituindo uma das faces ocultas da sociedade. 

No Brasil, como no mundo ocidental, a maior parte do tempo de cuidar do idoso fragilizado se dá na esfera familiar, sendo que a institucionalização se dá no limite das possibilidades que as famílias apresentam para tomar conta do seu idoso. Este é um papel esperado para a mulher na nossa sociedade, até hoje. A proximidade física e a vida partilhada é o fator mais importante na relação do cuidado. 

Hoje já são dados cursos e treinamentos para pessoas que querem exercer a ocupação de “cuidadores”, função reconhecida pelo Ministério do Trabalho há alguns anos. Em algumas instituições asilares a necessidade de capacitação e reciclagem das pessoas incumbidas de exercerem cuidados é suprida por períodos de treinamento em serviço.

Cuidar do idoso em casa é uma situação que deve ser preservada e estimulada enquanto possível. Porém, cuidar de um idoso incapacitado e dependente não é tarefa para uma mulher sozinha, geralmente com mais de 50 anos, sem apoios externos e qualquer programa de proteção social. 

As pesquisas mostram que existe um limite muito tênue entre cuidar e maltratar: o cansaço, o desgaste físico, a solidão, a falta de informação sobre a doença e as perspectivas de recuperação, os sentimentos desenvolvidos no decorrer da relação conjugal ou afetiva, as formas de repressão sofridas pela esposa ou pela filha podem transformar o ato de cuidar em atitudes de negligência, castigo, abandono, dano físico, desatenção e ameaças ao velho dependente e incapacitado.