Menor de 50 não entra

 

No Dia do Idoso, academia exclusiva para terceira idade mostra que o tempo não apaga a vontade de se sentir saudável.

 

“Precisa ter velho bonito”, defende em pleno Dia do Idoso (hoje, dia 25) o professor Loyl Pinho – ele que, há cinco anos, montou uma academia na qual, até hoje, não entrou aluno com menos de 50 anos.


Algumas academias de ginástica convencionais até possuem espaço ou atividades voltadas para os idosos, mas a exclusividade é praticamente desconhecida.


A idéia surgiu quando Pinho era professor do curso de educação física da Unesp e desenvolveu seu mestrado e doutorado em condicionamento físico para a terceira idade por meio de exercícios físicos resistidos.


Como comprovadamente os exercícios ajudam a prolongar a vida e a reverter problemas de saúde na terceira idade, ao aposentar-se da universidade, ele decidiu colocar em prática o programa que desenvolveu.


Loyl Pinho criou um circuito de treinamento com aparelhos e alcança resultados surpreendentes com os alunos, a maioria setentões.


“Eu andava arcada e mal subia escadas. Hoje, me sinto muito bem e faço até AB tonner [aparelho para abdominais]”, conta a advogada Guiomar Vuolo Sajovic, 82 anos, que tem há um ano Pinho como personal trainner.


Quando era mais jovem, Guiomar fazia até cooper. Com o tempo, tornou-se sedentária e, com o avanço da idade, problemas de saúde a impediram de voltar às largas passadas.


“Era bem menos ativa e, agora, me revitalizei”, comemora a advogada – que, até o ano passado, tinha uma carreira jurídica intensa.


O programa é simples: aquecimento do corpo na esteira, bicicleta e, depois, aparelhos que contemplam peitoral, cintura, ombros, costas, pernas, braços e abdômen.


O circuito é realizado duas vezes por semana e cada aluno tem seu tempo e limite, com orientação constante de Pinho – que não permite mais do que seis por turma.


‘Pijama de bolinha pode matar’


Aos 78 anos e com um corpo musculoso de fazer inveja a muito garotão, Loyl Pinho é casado com a professora de educação física Marilena Pinho, que foi sua aluna na faculdade e, hoje, é sua auxiliar.


Ele afirma que exercícios regulares mantém a vitalidade. “Pijama de bolinha pode matar”, brinca. “Toda pessoa ativa, que se entrega em um momento da vida, definha.”


Em contrapartida, ressalta que o idoso não pode querer recuperar o tempo perdido de uma só vez.


Pinho conta que a maioria dos idosos, quando vê um jovem fazendo exercício, diz: “Se esse molequinho faz, eu também faço”. Aí mora o risco de lesões sérias: é preciso ter cuidado até com a maneira de entrar e sair de um equipamento.


Entre os primeiros alunos do Apollum Centro de Condicionamento Físico para a Terceira Idade, está o companheiro de profissão Sylvio Minhoto Teixeira, 71 anos.


Além da atividade física, estão os vínculos de amizade dos alunos mais antigos. Teixeira ressalta que, mesmo sendo amigo e profissional, já levou bronca de Pinho. “É só a gente se descuidar um pouco para ele dizer: ‘O senhor não poder fazer isso’.”

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Fonte: Bom Dia Bauru, disponível em http://www.bomdiabauru.com.br dia 24/03/2007.